Lira sinaliza retaliação caso PSB saia do bloco


Integrantes do PSB mais alinhados ao presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP/AL), e à tropa de choque dele se lançaram em uma cruzada para que o partido volte atrás na decisão de abandonar o bloco de Lira. A decisão do PSB foi vista pelo líder do centrão e correligionários como ataque patrocinado pelo governo Lula (PT). Em conversas com parlamentares, o presidente da Câmara e aliados sinalizaram que haverá retaliação caso o partido mantenha a decisão de deixar o bloco.


De acordo com relatos, Lira disse a integrantes do PSB que eles estavam sendo usados pelo governo para tentar enfraquecê-lo e que o problema de ações políticas como essa é “o dia seguinte”. Ontem (7) houve reuniões para definir o futuro do partido. Pela manhã, dirigentes se reuniram com a presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR). A deputada pediu que o PSB não tomasse nenhuma decisão sem antes ouvi-la, segundo relatos.

Gleisi tenta reativar a articulação para que o PSB integre a Federação Brasil da Esperança, que reúne PT, PV e PCdoB, hoje com 81 deputados. O ingresso do PSB faria com que o bloco chegasse a 95 deputados, apenas uma cadeira a menos que a bancada do PL. À tarde, ocorreu outra reunião, dos integrantes do partido na Câmara.

Após o encontro da bancada, o deputado Felipe Carreras (PE), que foi líder do partido no ano passado, afirmou que nenhuma decisão foi tomada até o momento e que isso somente acontecerá após o Carnaval. “Estamos estudando as possibilidades, têm muitos pensamentos diferentes.”
Ele afirma que as queixas dos parlamentares se referem ao exercício legislativo, como a distribuição de relatórios de projetos, que na análise dele são “coisas superáveis a partir do diálogo e da política”. Nos bastidores, Carreras, que é próximo a Lira, tem sido apontado como um dos nomes que estão atuando para reverter a decisão do PSB.

A deputada Lídice da Mata (BA) diz que nenhuma decisão foi tomada e que há muitas hipóteses colocadas. Ela cita a possibilidade de o PSB caminhar sozinho, de retornar ao bloco ou de compor com outros dois grupos: o que reúne PSD, MDB, Republicanos e Podemos ou a Federação Brasil da Esperança.
Dirigentes do partido apostam, porém, na possibilidade de composição com MDB, PSD, Republicanos e Podemos, o segundo maior bloco da Casa. Na semana passada, após informar a intenção de deixar o grupo de Lira, membros do PSB se reuniram com o líder do PSD, Antonio Brito, sem que a conversa fosse conclusiva.

Desde então, aliados do presidente da Câmara intensificaram a pressão para que o PSB reveja a decisão e fizeram chegar a parlamentares que achavam o desligamento do grupo um passo equivocado. Eles afirmaram que, por integrar o bloco, o partido teve o comando de comissões relevantes (como a de Indústria, Comércio e Serviços, uma das principais da Câmara) e relatorias de projetos considerados importantes e que, se dependesse apenas do tamanho da bancada, não teriam normalmente.
Outro exemplo citado por aliados de Lira foi o apoio do centrão, em detrimento de uma medida provisória do governo, para a aprovação do projeto da deputada Tabata Amaral (PSB/SP) que cria programa de incentivo financeiro para a permanência de estudantes de baixa renda no Ensino Médio. A parlamentar é pré-candidata à Prefeitura de São Paulo.

O PSB tem apenas 14 das 513 cadeiras na Câmara, mas a movimentação do partido tem relevância porque é uma jogada a mais no tabuleiro da sucessão de Lira, que ocorrerá em fevereiro de 2025. Hoje, o presidente da Câmara controla bloco majoritário, com 162 deputados (já excluído o PSB), mas postulantes à vaga dele se reúnem em grupo paralelo, liderado por PSD, Republicanos e MDB, que soma 144 cadeiras. Procurado por meio da assessoria, Lira não se manifestou.

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